Outra educação é possível

Ao longo dos anos, construímos na Baby House um trabalho com o nível de Jardim de muita identidade. Sem a rigidez e impessoalidade dos colégios, conseguimos não apenas resultados extremamente efetivos em termos de aquisição de conhecimentos e habilidades, como leitura e escrita, mas também despertar nas crianças o gosto pelo trabalho criativo e coletivo, autônomo e companheiro, construindo seus entendimentos através de uma participação ativa.

Questionamentos tornam-se projetos de investigação

Na Baby House, desde bebês as crianças são escutadas e acolhidas em suas dúvidas sobre o mundo que as cerca. Não recebem respostas prontas e formuladas pelos adultos – postura que difere muito do que costumamos encontrar nos colégios e até universidades, onde o adulto ou professor que sabe responde prontamente à criança ou aluno que não sabe.

As crianças perguntam “Por que tenho medo?”, “O que é a chuva?”, “Como os insetos caminham pela parede e não caem?”, “Por que usar casaco?”. Elas não recebem respostas prontas, mas investigam em grupo, partindo de seu desejo de encontrar as respostas. Muitas vezes os projetos chegam também às casas das famílias, que partem para investigar junto com elas. Assim, as crianças constroem significados apoiados nas suas vivências e o resultado de suas pesquisas afetam diretamente suas vidas.

Nas turmas de Jardim também são comuns momentos de socialização entre as crianças da turma e com crianças de outras turmas também, onde trocam questionamentos, conhecimentos e experiências.

Letramento e alfabetização

Um aspecto importante para as crianças de quatro a seis anos é a alfabetização, que cada vez mais cedo desperta seu interesse.

Alfabetizar é muito mais do que “ensinar as letras”. É no processo de alfabetização que as crianças descortinam um universo novo de aprendizado, em uma experiência que marcará sua relação com o conhecimento por toda sua vida.

Este processo deve possibilitar que a criança desenvolva suas hipóteses de escrita a partir de seus conhecimentos prévios e aprenda a se posicionar frente a informação e o mundo letrado, confrontando-os com suas experiências de vida.

Em nossa concepção, a leitura vai muito além do simples ato de abrir o livro e ler uma história, principalmente quando o leitor é uma criança. O livro é a porta de entrada para o universo imaginário de cada um. E na Baby House oferecemos um acervo de livros de grande qualidade, disponíveis para as crianças, a fim de estimular a criatividade e a imaginação. Com um acervo muito grande atualmente já temos uma biblioteca infantil que não para de receber títulos todos os meses.

No processo de letramento, que envolve leitura do mundo, de si mesmo e dos outros, todos os recursos são bem aproveitados. Histórias, livros, Internet, gibis, rótulos, jogos, trava-línguas, poesia, rimas, parlendas e seus próprios nomes, são todos instrumentos importantes para abrir as portas do mundo da leitura e da escrita.

Mesmo os momentos da rotina são significados às crianças através do uso de diferentes formas de comunicação: escrita, desenho, pintura, imagens, etc. Neste sentido, a leitura é trabalhada na Baby House desde o Berçário e vai a cada ano ganhando novas possibilidades.

Um espaço físico construído para a descoberta

A organização do espaço das turmas de Jardim é pensada para apoiar as descobertas das crianças de forma que instigue e apoie a imaginação e a criatividade. Os ambientes são redefinidos conforme o que está sendo investigado, proporcionando que, além de descobrir pesquisando, lendo, registrando, as crianças possam elaborar os conhecimentos através de brincadeiras e jogos.

Criando documentação e relações através da investigação

A medida que vão investigando, as crianças vão aprendendo a registrar suas hipóteses e criar conexões. Para isso, desde bem cedo constroem coletivamente redes conceituais, chamadas na Baby House de Redes de Conhecimento.

Você sabe como as formigas voltam para casa? Ou por que as penas das araras são coloridas? Ou, ainda, como os insetos não caem da parede? Ou por que as pessoas falam? Perguntas como essas servem como enredo para os projetos de estudo das turmas. Neste processo, as crianças indicam novas hipóteses, novos caminhos e novas perguntas. Crianças e adultos, juntos, narram saberes, fazeres, histórias, desejos e hipóteses sobre o que estudam.

Com o percurso registrado, inclusive através de imagens que possibilitam sua leitura pelas crianças, as Redes ampliam as possibilidades e, de forma natural, desdobram-se numa solicitação para que outras vozes participem deste elaborar coletivo – como as famílias e até mesmo as crianças de outras turmas, que, já conhecendo o formato de trabalho, se interessam pelo projeto dos colegas.

Colocando-se frente ao mundo

Pela forma com que o processo educativo acontece na Baby House, as crianças têm uma grande propriedade e preparo para falar em grande grupo e dominam o que estão pesquisando, apresentando com desenvoltura seus temas.

Assim, no Jardim acontece o desabrochar de todo o trabalho de base realizado voltado ao fortalecimento da estrutura emocional das crianças, que se tornam seguras, confiantes e muito animadas. Desta forma, as crianças ao final da Educação Infantil estão amplamente preparadas para seguirem sua vida escola em outros contextos e, mesmo indo para lugares diferentes, se mostram aprendizes qualificados e interessados. Muitos têm sido os retornos que recebemos das instituições que recebem nossas crianças no Ensino Fundamental.

O preparado para esse novo ciclo envolve vários aspectos que são trabalhados com as crianças ao longo de toda a Educação Infantil. A autonomia é fundamental para que habilite as crianças ao seu desenvolvimento motor, emocional e cognitivo que devem caminhar juntos durante toda primeira infância. Quando chegam ao nível de Jardim a segurança e desenvoltura está associada a autonomia desenvolvida. Também para aprender, questionar, investigar sem aceitar a primeira e mais simples resposta, é preciso confiança que se apoia na autonomia.

Assim, na Baby House a preparação para a vida acontece COM a vida, utilizando-se dela, que pulsa em todos os momentos e lugares da escola.