A abordagem de Educar com a Vida surgiu principalmente do encontro de três movimentos paralelos que se desenvolveram no século XX:
• a Pedagogia de Célestin Freinet, construída em interação com uma série de movimentos educativos para uma Escola Moderna;
• as novas concepções científicas e filosóficas resultantes da revolução científica do século XX, especialmente influenciada pelos paradigmas trazidos pela Física Quântica;
• e o desenvolvimento da ciência cognitiva, especialmente em seu viés não mecanicista, entendendo a mente e a vida não como resultados da materialidade, mas como seus produtores.
O encontro dos dois últimos foi a inspiração para os Encontros Mente e Vida, idealizados pelo biólogo e cognitivista Francisco Varela e que têm reunido cientistas de diversas áreas, procurando explorar as relações entre o conhecimento e o conhecedor.
Desde a década de 90, Gustavo Marcante Guerra procurou práticas educativas coerentes com estas concepções, uma educação voltada não apenas para o acúmulo de conhecimentos, mas também ao desenvolvimento do estudante, principalmente nos seus aspectos de comunicação, socialização, motricidade, inteligência emocional e valores, expressando isto em seus trabalhos de pesquisa, mestrado e doutorado.
Em 2004, após assumir a direção da Baby House, surgiu ali o desejo e a oportunidade da escola se vincular com a Pedagogia Freinet. Para efetivar este processo, em 2005 veio fazer parte da equipe da escola a coordenadora pedagógica Gardia Vargas, hoje Pós-doutora em Educação com ênfase em Sobre Infância.
Como não poderia deixar de ser, por ser uma pedagogia voltada às pessoas, às peculiaridades de cada lugar e de cada momento, a Pedagogia Freinet se recriou na Baby House, se nutrindo de seus referenciais filosóficos e científicos.
Esta concepção integrada, teórica e prática, desde 2011 passou a ser denominada Educar com a Vida.
A pedagogia de Celéstin Freinet
Para realizar este objetivo, temos como referência a Pedagogia Freinet, uma proposta contemporânea baseada em valores e voltada ao aprendizado através do diálogo, da cooperação, da pesquisa, da solução de problemas reais e do respeito às características de cada um. Ao mesmo tempo, estimula que cada um desenvolva o respeito aos demais.
Célestin Freinet cursava Magistério na França quando a Primeira Guerra o obrigou a interromper seus estudos. Foi ferido durante os combates e, quando voltou a exercer o ofício de professor, não podia falar por muito tempo por conta de problemas pulmonares. Isso, e mais o desejo de instigar as crianças à cooperação amorosa, o levou a criar um método de ensino no qual os alunos compunham seus próprios trabalhos, discutiam e editavam na forma de jornais mimeografados. Já nos anos 20, Freinet já apostava no protagonismo dos alunos e numa maior interatividade no processo educativo.
A proposta do trabalho de Freinet e, portanto, da Baby House, é ser natural, orgânico, respondendo às curiosidades e anseios das crianças e não a um currículo pré-definido. Ano a ano, cada vez mais as famílias se surpreendem com os resultados educacionais obtidos, seja na leitura e escrita, nos conteúdos dominados pelas crianças ou na sua capacidade de lidar com as diferentes situações da vida.